sábado, 30 de maio de 2009

PRIMEIRO ROUND

Dentro de menos de um mês temos o primeiro combate eleitoral deste ano.

As eleições europeias constituem, assim, o primeiro teste à máquina partidária de cada um dos partidos, um pulsar do eleitorado, um barómetro para as restantes eleições que se avizinham.

Mesmo sem ter poderes de antevisão, facilmente constatamos que serão umas eleições pouco participadas.

Dado o carácter “europeu” das mesmas, habitualmente pouco interessantes para o povo português e a descrença generalizada na política e nos políticos.

E a crise. A famigerada crise que entorpece tudo e todos, que ajuda a aumentar a descrença no sistema político e a pouca esperança numa mudança para melhor.

Não deveria ser assim.

Actos eleitorais deveriam servir para que os eleitores marcassem posição.

Votar é uma das formas mais nobres de interferir na vida política.

Votar é a genuína maneira que temos de dizer basta, de continuar a apoiar um determinado quadrante político ou de apelar à mudança.

Estou certo que nem o facto de termos um compatriota a liderar os destinos europeus servirá de mote para uma participação maioritária dos portugueses nestas eleições europeias.

Mas acima de tudo estas eleições servirão para perceber de que forma e com que intensidade esta crise, esta forma de governar, esta aparente “esperança” que nos é vendida diariamente pelos membros do Governo tem sensibilizado, ou não, os portugueses.

A crer nas sondagens, o empate técnico anunciado, é absolutamente penalizador para o Governo.

Está visto que a opção eleitoral do PS para cabeça de lista não foi a melhor escolha.

Nem sempre os “catedráticos”, por muito superiores (?) que sejam do ponto de vista intelectual são a melhor opção.

Desdiz-se, de forma constante, com os líderes do “seu” partido.

Não tem qualidades de tribuno, enrola o discurso de forma quase ensurdecedora, não cativa, não apresenta propostas fracturantes.

O seu curriculum académico, a sua idade e a aparente independência do PS, mitigada com a sua (mais do que aparente) “indisposição” perante o seu passado comunista, apresentam-no ao eleitorado como uma figura política fragilizada, desautorizada por quem, com tanta pompa e circunstância, o escolheu.

Aliás, o facto de o Primeiro Ministro ter passado alguns dias em campanha em conjunto com o seu cabeça de lista, numa atitude algo inédita, dado o carácter das eleições europeias e a agenda do Governo, denota bem o “arrependimento” que, neste momento, certamente sentirá em relação à escolha que foi feita.

Resta ao PSD aproveitar este erro de casting, distanciar-se e vencer as eleições europeias.

Paulo Rangel é, claramente, melhor que Vital Moreira.

Apesar de ser, até há algum tempo atrás, também um académico, é mais novo, fala melhor, tem sido um bom líder de bancada na Assembleia da República, tem mais garra e apresenta-se muito melhor aos portugueses.

E, talvez mais importante do que tudo isto, tem surpreendido.

Ao contrário de Vital Moreira, mais velho e mais conhecido dos eleitores, a fasquia não estava tão elevada em relação a Paulo Rangel.

Vital Moreira tem desiludido. Paulo Rangel tem surpreendido.

Vital Moreira pertence a um passado que agora renega, é um político que, como tal, nunca teve grande reconhecimento.

Paulo Rangel é um político da nova geração.

Isto fará, provavelmente, a diferença e dará a vitória a este último.

Uma última reflexão.

Porque razão o PS, nos últimos anos, tem uma dificuldade imensa em apresentar candidatos da sua área política, que estejam no activo?...

Primeiro foi Mário Soares, com os resultados que se conhecem, nas eleições presidenciais.

Agora Vital Moreira.

Onde estão, e porque recusam (se é que recusam) estes desafios, os pesos pesados do PS?...

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